Há certa literatura regionalista que busca enfatizar peculiaridades locais, propagando linhas do momento histórico e da realidade social com vigor marcadamente romântico. Segundo essa perspectiva, o local deve ser exaltado com intensidade conforme uma ânsia por afirmá-lo como identidade nacional. Na obra de Francisco Neto Pereira Pinto apresentada nesta oportunidade por um conjunto de contos, a afirmação nacional é suplantada por um olhar universalista e arrebatado pela existência humana em uma natureza exuberante, possibilitando a expressão de uma dimensão psicológica do componente nativista que encanta o leitor. Nas páginas desse livro, é impossível evitar o cheiro da mata, o barulho do rio ou o canto dos pássaros, um quadro que seduz e que, ao mesmo tempo, nos instrui sobre a influência do elemento cultural na configuração da natureza do ser humano.