Sou eu e não mais sou, não mais sou o que fui, e o que sou é também o que fui. Sou memória de mim mesma, sou vida e morte acordando e dormindo juntas. Não se trata de um jogo de palavras, mas do corpo experimentando a vida misturada, sentindo as pedras do caminho e as flores do campo, apreendendo a vida entrelaçada em si mesma. Poetizando o corpo outrora forte fragilizado, o corpo fragilizado agora fortalecido pela poesia e pela escuta dele mesmo, seus versos nos falam. É como se as sombras que nos habitam pudessem ser em parte apreendidas e se transformassem em iluminuras de compreensão da vida. Por trás das rimas, da divisão presente nas palavras, dos impropérios e iras, das palavras poéticas benditas e malditas, há evocações de experiências vividas. A vida se esconde e se revela na poesia de Karen. — Ivone Gebara, na orelha