Esta obra é fruto não somente de anos de dedicação da pesquisadora britânica Helen Sampson, mas também de sua coragem para enfrentar os desafios da vida e do trabalho marítimo o qual, vale lembrar, é caracterizado por um ambiente duro e predominantemente masculino. Por meio de sua investigação, cujo mote é o transnacionalismo, a autora desnuda o cotidiano de indivíduos que, embora centrais para o comércio mundial de bens, são muitas vezes tornados invisíveis. Convém destacar, porém, que a etnografia apresentada não se atém à descrição do contexto e dos desafios do trabalho marítimo, pois Helen Sampson nos brinda também com um estudo sobre as famílias de alguns marinheiros. Ao trazer à tona as experiências familiares e de trabalho dessa importante categoria que atua na esfera da circulação capitalista, a autora põe por terra alguns dos estereótipos e das convicções em torno da chamada globalização, evidenciando que o movimento de abertura global não é essencialmente inclusivo, ao menos não para todos.