O Recrutamento militar obrigatório e as normas democráticas não caminham juntos com facilidade. O direito do Estado de dar ordens pode entrar em choque com o direito do cidadão e seu dever de exercer julgamentos morais e políticos. No caso de Israel, centenas de soldados convocados para participarem de campanhas ou tarefas controvertidas (como a invasão contra o Líbano em 1982, ou funções de polícia nos territórios palestinos) têm recusado essas ordens. Na atual Intifada palestina foram registradas mais de mil dessas recusas, com muitos dos refuseniks (neologismo criado a partir do inglês e do russo, significando "os que se recusam") preferindo cumprir penas de prisão a tomar parte naquilo que encaram como uma ocupação injusta para defender assentamentos judaicos ilegais, ocupação que ameaça a existência pacífica de seus compatriotas israelenses. Neste livro inspirador, Peretz Kidron, ele próprio um refusenik que fez essa difícil escolha, nos fornece as histórias, experiências, pontos de vista, mesmo a poesia, desses recrutas que acreditam em seu país, mas não nas ações de seu país fora de suas fronteiras. Lemos a respeito da reação cautelosa, até mesmo embaraçada, das autoridades israelenses. E vemos as implicações mais amplas da filosofia da recusa seletiva - que não é de modo nenhum o mesmo que o pacifismo - para cidadãos conscienciosos em qualquer país em que o recrutamento obrigatório ainda existe. Aqui está um verdadeiro modelo para o movimento pela paz em Israel e em todo o mundo.