Um dia o ônibus quebra, a chupeta cai no bueiro e o ombro arde de dor. No outro, um sorriso com os olhos e um par de mãozinhas a agarrando firme fazem você se sentir forte e importante. Um dia você não aguenta mais lavar os lençóis com xixi, ter cheiro de vômito e olheiras pretas de panda. No outro, você dorme agarrada com a sua prole numa cama pequena e entende que edredom nenhum jamais fará você sentir a plenitude daquele calor humano. Um dia você pega muito trânsito e chega tão tarde na creche que os últimos funcionários que ainda estão ali, por sua causa, ficam naquele misto de sentimentos entre odiá-la e ter pena de você. No outro, você sai só e, ao invés de se sentir livre, sente saudades da pessoinha e entende que suas emoções nunca mais serão as mesmas depois de ter passado por um processo de multiplicação.