Na perspectiva winnicottiana, as conseqüências que acarretam as falhas no cuidado inicial do bebê afetam algo nuclear: a relação do indivíduo com a realidade e sua posição existencial, ou seja, a própria possibilidade de sentir-se vivo e real. Neste sentido, é evidente a importância deste livro que visa ajudar as mães (e quem cuida delas) a exercerem o cuidado do bebê da melhor maneira possível. A pesquisa teórica e clínica das autoras aponta para o fato do cuidado materno, o holding, não resultar pura e simplesmente das características de personalidade da mãe. O cuidado materno não acontece de forma isolada e abstrata, mas é um fenômeno produzido socialmente como experiência inter-humana. O melhor cuidado acontece quando há, no campo social, um espaço para a solidariedade e o respeito das necessidades do outro. Por outro lado, as autoras questionam as teorias que apontam a identificação da mãe com o bebê como sendo o foco da boa maternagem. De fato se identificação leva a mãe a confundir-se com seu bebê, o que humaniza o bebê e justamente o contrário, ou seja a possibilidade da mãe vê-lo como alteridade.