Em Heresia, Betty Milan aborda o tema da morte assistida e questiona até que ponto é legítimo o prolongamento da vida pela ciência e de uma existência orgânica na qual a memória e a própria subjetividade já se extinguiram. Betty Milan é autora de inúmeras e importantes obras, incluindo romances, ensaios, crônicas e peças de teatro. Heresia, romance autobiográfico, trata da morte da mãe, com Alzheimer, e do prolongamento de sua vida em decorrência da proibição cultural, e legal, de buscar a morte assistida.No início do romance, a protagonista diz: Vou atribuir o que eu escrevo a outra narradora, num movimento de afastamento do vivido para melhor contemplá-lo e, assim, reatar a ficção ao impulso de conhecimento irrompido pela imaginação.Manuel da Costa Pinto, na orelha do livro, escreve: Essa tensão entre o real e o ficcional se torna ainda mais aguda quando aquilo que é representado toca o nervo exposto de dilemas éticos e emocionais como neste romance de Betty Milan, cuja [...]