A Primavera Árabe fez com que a imprensa corporativa internacional e os círculos acadêmicos redobrassem suas atenções em direção a um povo e uma região que, pelo menos desde os atentados de 11 de setembro de 2001, estão entre as prioridades das discussões geopolíticas: os povos árabes do Oriente Médio e do norte da África. Infelizmente, diversas razões de ordem econômica, política e ideológica fazem com que questões importantes desse tema sejam geralmente escamoteadas por explicações esquemáticas, simplistas e, não raro, francamente preconceituosas, normalmente orientadas por uma ideia de oposição entre Oriente e Ocidente, tomados como categorias estanques, rígidas e anti-históricas, essencialmente destinadas a um choque de civilizações. Este livro, resultado de uma dissertação de mestrado elaborada no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UNESP (Campus de Marília), procura apresentar uma interpretação diferente. Por meio do estudo de um caso particular o longo processo de dominação econômica, política e militar do povo egípcio por grupos políticos e econômicos britânicos, pretende-se aqui ressaltar o que normalmente fica oculto pelo pensamento binário orientalista: os complexos processos de resistência das populações árabes contra a violência, a opressão e a exploração econômica imposta desde a Europa Ocidental e os Estados Unidos da América pelos centros de comando do capitalismo.