"A criança deve ser sempre vista como sujeito letrado, mesmo antes de adquirir a técnica de leitura, uma vez que, participando de uma sociedade que toma a escrita como instrumento cultural, base para a produção de qualquer tipo de conhecimento, o sujeito social não está imune a essa influência. A criança entra na vida escolar com seu processo de letramento já iniciado. Se a escrita é objeto cultural e a criança sujeito cultural, é desejável aprender a ler considerando-se apenas os aspectos culturais e simbólicos, e ignorando a escrita como sistema, como tecnologia? Qual a diferença entre adquirir um sistema de escrita, construir sentidos e aprender a ler? Esses movimentos se excluem? Reconhecer que tanto o processo de ler quanto o processo de aprender a ler são estratégicos é entender que as crianças, como os adultos, constituem-se como sujeitos de leitura. Dessa forma, só se pode considerar leitor aquele sujeito que processa o texto e constrói sentidos num ato solitário (...)