A história das mulheres na filosofia é marcada por numerosos desequilíbrios, dos quais o mais evidente sua longa, muito longa ausência tende a esconder os outros. Sabemos, é claro, que, desde a Antiguidade e até o século XX, a sociedade patriarcal europeia reservou o estudo das letras a seus rebentos machos, de modo que principalmente a literatura e a filosofia acabaram sendo atividades reservadas aos homens. O monopólio da educação, da escrita, do debate, da publicação, manteve a maioria das mulheres longe dos conceitos filosóficos e daquilo que eles trazem de alegrias especulativas, de esforços literários e de lampejos libertadores. Mas não todas. Se voltarmos longe na história, encontraremos vestígios de numerosas mulheres cujos pensamentos, e às vezes os escritos, marcaram sua época. Se, com frequência, essas exceções não encontraram espaço na história da filosofia, é em parte porque a Grande Narrativa continua a ser uma história de homens