Ao superar as vicissitudes da existência individual e aprofundar-se na contemplação de um poder superior, a atitude de apóstrofe se singularizaria na forma lírica que conhecemos por hino. Acolhendo tal concepção em sua perspectiva teórica, o estudo de Marcos Flamínio Peres submete aqueles três hinos de Gonçalves Dias a uma análise que busca grande parte do seu instrumental nas melhores tradições da estilística e da hermenêutica. Como notará o leitor, a atenção cuidadosa às características que permeiam o gênero hino (os estratos da sonoridade, da métrica e do ritmo) procura desdobrar-se, em movimentos concêntricos, até a interpretação voltada à complexidade histórica, social e individual que se encarnou na imanência linguística do canto hínico.