Raras obras terão conseguido, como esta, oferecer um painel tão completo, nos dois lados da vida, do delicado complexo que é um centro umbandista dedicado à verdadeira caridade. Pai Inácio é o guia-chefe responsável pela criação e expansão de um terreiro, nos primórdios da umbanda, logo após o advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas através de Zélio de Moraes. Ele e Mãe Joana, personagens já conhecidos do público após o sucesso da obra A História de Pai Inácio, são mentores dessa casa. Na estruturação do templo, vão sendo introduzidas as diversas linhas da umbanda. São os pais e mães velhos, com sua sabedoria, os caboclos, as crianças, e finalmente, para grande espanto dos encarnados, os guardiões ou exus e as pombas-giras – estes, vistos com a desconfiança habitual dos que desconhecem sua verdadeira natureza. A cada um deles, as elucidações de Pai Inácio são claras e precisas, valendo por um manual de entendimento da atuação dessas falanges. Paralelamente, a narrativa vai desdobrando, no plano material, percalços e figuras típicos. A cura da vaidade mediúnica de um líder, a desonestidade de quem lucra com trabalhos espirituais junto com líderes das Trevas, o papel transformador de uma doença, a preparação de uma médium-chefe do terreiro, a sensitiva desarmonizada que foge do compromisso mediúnico, e muitos outros – um painel didático dos problemas típicos do universo mediúnico. Acrescentam-se casos de atendimento espiritual que tipificam obsessões e a respectiva explicação cármica. Inestimável contribuição a trabalhadores e estudiosos da Espiritualidade, esta obra, de forma envolvente e agradável, é precioso compêndio prático sobre os bastidores do universo umbandista.