A religião pode ser considerada como um fenômeno antropológico fundamental, seja pela diversidade de suas manifestações socioculturais, seja por sua permanência ao longo da história. No mundo contemporâneo a complexidade do fenômeno religioso pode ser contrastada através de duas manifestações aparentemente antagônicas. Por um lado, nos deparamos com a secularização das sociedades ocidentais nas quais prevalece o Estado laico, o pluralismo e se propõe o ideal da tolerância religiosa. Por outro lado, nos deparamos com a ampliação e intensificação dos fundamentalismos religiosos que eclodem não apenas nas sociedades supostamente tradicionais, como é o caso notório de algumas regiões de predominância islâmica, mas também nas próprias sociedades secularizadas. Alguns pensadores do século XIX previram o declínio da religião. No entanto, no século XXI, a presença da religião com suas contradições e sua vigorosa renovação nos convida, mais uma vez, a enfrentar o desafio de suas diversas faces e perspectivas. Estaríamos testemunhando o surgimento de um novo rosto para a experiência religiosa? Ou estaríamos testemunhando os sintomas de seu inexorável declínio? As religiões ainda podem ser provedoras de sentido quando já perdemos os ideais do passado e já descremos cada vez mais dos ideais do futuro? Quais os caminhos e descaminhos das religiões no conturbado mundo contemporâneo? Essas são algumas das indagações que nos motivaram a propor esse debate como um esforço de interlocução entre pesquisadores de diferentes formações e interesses, mas dispostos a enfrentá-las num esforço conjunto de compreensão.