À maneira desigual e combinada, o Brasil de Bolsonaro, neste primeiro ano de governo neofascista, se moderniza e se torna cada vez mais desigual, exibindo todo o caráter recente e simultaneamente decrépito do nosso capitalismo financeirizado, digital e on demand. As altas dosagens de machismo, homofobia e militarismo ajudam a conservar ativa e funcional a velha plantation, e, por detrás da máscara do moderno empreendedor e ativista da filantropia, não há senão o tacanho, sórdido e vetusto rosto do senhor de engenho de antanho. Se o futuro proposto por esses velhos-novos senhores é, em uma palavra, uma barbárie moderna (ou um futuro bárbaro), cabe então aos escravos do tempo presente a tarefa de construir um verdadeiro amanhã, no qual armas, opressões e Bolsonaros não poderão ter lugar senão nos livros e museus de História.