O crescimento real inicia quando tomamos consciência do que nos fragiliza. Em boa parte do tempo em que atuei em propaganda, quase sempre liderando equipes, minha maior vulnerabilidade foi comprar a ideia - muito comum ainda hoje neste setor - de que, para obter efetividade era preciso inflar o ego e manter um ambiente contínuo de centralização e tensão, que não raro demandava episódios onde sobrava constrangimento pra todo lado. Alertas cada vez mais frequentes ricocheteavam num ego cada vez mais espesso e acabavam machucando quem estivesse perto. Um dia, após mais uma explosão emocional, um improvável feedback estilhaçou todas as crenças limitantes de pseudo-poder e desrespeito ao propósito alheio. Uma vez apresentado ao meu pior ‘demônio’, era preciso desconstrui-lo para poder mantê-lo sob controle. Isso implicou em vários passos para trás e uma pesquisa aprofundada sobre as atitudes que poderiam estabelecer uma uma nova perspectiva em liderança, mais sustentável e baseada na empatia, no bom humor e com foco no desenvolvimento humano.Bom humor é hábito. Essa certeza vem de uma constatação simples: eu mesmo o cultivo como forma de corrigir traços depressivos e de sarcasmo ferino "conquistados" a duras penas durante a infância, a adolescência e início da vida adulta. Humor de Segunda à Sexta traz o relato do surgimento deste hábito, bem como uma pequena amostra do processo que cotidianamente me salva de mim mesmo, permitindo tornar a vida mais leve e criativa, mesmo diante dos desafios decorrentes: dos relacionamentos; da falta de motivação no trabalho; da pressão e stress e do dia a dia; da convivência com pessoas difíceis (começando por nós mesmos); do cuidado com a saúde e o próprio corpo (necessário, mas paradoxal quando se torna uma neura); do excesso de atenção quanto à vida alheia (quem nunca?); do consumo (que é bom, mas está longe de ser tudo); das inúmeras culpas (e também desculpas); da nossa relação com a morte (a dos outros, já que a nossa não será problema nosso); da comunicação (ou da falta dela); da liderança (que muitas vezes cai no colo da gente, sem que a gente peça). E tem gente que ainda pensa que bom humor serve apenas para contar piada, né?