Publicado em 1933, Casa-grande & senzala provocou uma revolução na maneira de os brasileiros verem, sentirem e analisarem o Brasil. O livro logo se tornou um clássico e desencadeou, em doses abundantes, elogios e restrições quanto à visão do autor sobre determinados aspectos da formação historico-social do país.Polêmicas à parte, com o objetivo de facilitar ao leitor uma incursão inicial por esta obra rica e complexa, Fátima Quintas reuniu em As melhores frases de Casa- Grande & Senzala, "a obra-prima de Gilberto Freyre", como diz o subtítulo, uma espécie de súmula do pensamento gilbertiano sobre a formação do Brasil sob o regime patriarcal. Para tanto, foram ali pinçadas cerca de mil frases, distribuídas em 58 temas, ordenados, não em ordem alfabética, mas didática. Como Fátima Quintas explica no prefácio, a seleção considerou, sobretudo, "a acepção literária, os jogos metafóricos, e o vigor de conteúdo" das frases. Os temas indicam o essencial da obra e abordam aspectos como o exílio, a Mata Atlântica, miscigenação, índio macho, mulher indígena, indumentária, alimentação, casamento patriarcal, influência moura, a ação deletéria da escravidão e o complexo social da casa-grande. A seleção de Fátima Quintas ressalta com precisão a originalidade das frases de Gilberto Freyre, conciliando rigor formal e um certo gosto popular com a justeza da observação. Note como Freyre definiu o português que colonizou o Brasil: "É um povo que vive a fazer de conta que é poderoso e importante. Que é supercivilizado à europeia. Que é grande potência colonial". E sobre a mistura de raças: "A miscigenação que largamente se praticou aqui corrigiu a distância social que doutro modo se teria conservado enorme entre a casa-grande e a mata tropical; entre a casa-grande e a senzala".