Carolina Maria de Jesus, a partir de seu Quarto de Despejo, inspira o diálogo transdisciplinar entre a psicanálise, o direito e a literatura, nos artigos reunidos neste livro. Como a obra de Carolina e o diálogo acadêmico inspirado por ela pode nos auxiliar a pensar sobre e a lutar contra o racismo? Fazendo circular e acreditando na força que a palavra tem de desconstruir as ficções psíquicas e políticas que organizam nosso pacto social. Essa é a aposta que anima a pesquisa cujos primeiros resultados estão neste livro. Partimos da hipótese de que o racismo é uma construção histórico-libidinal e que pode ser desfeita. Dentre os códigos fascistas que organizam o desejo, o racismo se destaca (dentre o machismo, a homofobia, por exemplo) por tentar situar a alteridade num determinado grupo de pessoas de forma a controlá-la, subjugá-la. Esse desejo de distinção provém, em grande medida, da angústia produzida pela presença da alteridade dentro do próprio sujeito.