A matéria dos 40 textos de O Roubo do Silêncio, de Marcos Siscar é o tempo presente. "Na superfície deste pântano, quando uma cabeça assoma fora d´água, não se sabe se é pato ou serpente", lê-se no penúltimo, "Prosa". Que bicho assoma neles? Antes de tudo, a prosa, que discorre sobre a prosa indiferente do mundo e as contingências de um corpo. O "eu" que as enuncia subverte a prosa com a poesia. Sua angústia sabe que a história é destruição. Nem pato, nem serpente, aqui o bicho é o evento da presença da poesia inventada como o simples que não se diz. Não persegue nenhum indizível. Sabe que o indizível só existe como privação da palavra no silêncio do pântano.