Eu acredito na poesia que surge sem pedir desculpas, tal qual a que Jessica Stori apresenta neste livro. Uma escrita de quem chora em línguas e honra os olhos cheios de terra, quando escrever é o mesmo exercício de se perceber viva, sem mediação, no susto existente em manusear palavras. O espanto de se descobrir criando poemas, a manutenção do desejo de abrir a boca e dizer. O chamado é essa necessidade de criar algo com isso que cruza o corpo, o habita, avoluma e se dá a ver nos encontros com as que estão, estavam, estariam e estarão. Uma poesia que se lança ao seu tempo e além é sempre além criando comunidade com as irmãs, as mais próximas e as mais improváveis. As temporalidades (im)possíveis neste país de histórias mal contadas. usar os pés para escrever nessa caminhada que já não sustenta o silenciamento que era antes condição. Uma atividade que articula a energia vital de se saber uma mulher latino-americana. O pedido: não ter medo. [...]