Esse livro é sobre movimento. As palavras transfiguram-se em prédios e construções, rios e mares, portas e janelas que abrem-se para o mundo, diante de seus mistérios e mutações. Assim como o ato de reconhecer-se não se dá somente através de caminhos internos, as viagens também podem ser desenhadas pelas ruas e avenidas de dentro - todos os nossos lugares são complementares aos nossos desejos e, às vezes, é necessário sair do eixo para tornar-se íntima da gravidade. É preciso estar atenta ao fluir das veias que pulsam incômodos para compreender o motivo de obstrução das artérias: pode ser apenas o cansaço da rotina ou o desmembrar de todas as certezas em que se crê; pode ser que seja na velocidade do vento ou no tempo que as placas tectônicas levam para se mover, não importa, um movimento é sempre um risco e jamais há de faltar coragem para corrê-los e agarrá-los, devorá-los e subvertê-los.