O universo de Sophia era guiado por duas verdades: em toda sua vida só haveria uma pessoa com a qual ela poderia contar - ela mesma -, a segunda falava sobre o amor; o sentimento que levara ao suicídio os amantes de Verona, a chama que fez arder pela eternidade os corações de Tristão e Isolda, e a paixão insanamente inconsequente que arrebatou Helena e Páris, tudo isso simplesmente não passava de fantasias. Sophia via o casamento como uma alternativa falha que as pessoas elegiam para não envelhecerem sós, na ilusão de que a paixão perduraria após a união selada. Não que considerasse um erro - julgar as escolhas das outras pessoas não condizia com suas atitudes - mas ver-se ligada a alguém pelo resto de sua vida apenas para não estar só, ou provar que era capaz de conquistar um pretendente, ia contra tudo o que acreditava ser essencial para a felicidade. A felicidade aos olhos de Sophia era deitar a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila, saber que poderia contribuir para um mundo melhor. Ouvir um muito obrigado sincero soava como eu te amo.