Neste seu segundo romance, Marana Borges nos apresenta uma história onde os objetos e a arquitetura - desta vez de um casarão do século XIX - voltam a recobrar vida. Partindo de um episódio pouco explorado da História do Brasil, a autora retrata uma família no epicentro da crise econômica que assolou as fazendas de café no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. Com o lirismo e a fina ironia característicos de sua prosa, a autora constrói personagens de grande alcance psicológico. Pelos olhos de Aparecida que sonha em ser árvore - topamos com essa casa ocupada mais por coisas mortas do que por gente. O pai, figura quixotesca e inicialmente periférica da trama, é o único baluarte da razão. Ele passa o tempo a escrever cartas em defesa da recém falida monarquia que nenhum jornal aceita publicar. A atravessar todos os cômodos, está ela, a noite, e adentramos nela como fazem as personagens. Dentro de noites, há noite.