Vivemos um contexto histórico e político no qual o silêncio assume conotações nocivas. É cada vez mais urgente estabelecermos diálogos, nos quais argumentos não sejam desmerecidos por uma pretensa rede de informação perversa e manipuladora. O grito contra o fascismo seu ódio, sua intolerância, sua terrível e profunda malignidade é, talvez, o único elemento transformador que nos resta. O grito é a literatura, e grandes revoluções subjetivas mantêm-se paralisadas diariamente dentro de cada um de nós. Existe uma espécie de cacofonia nos poemas, um (des)arranjo poliédrico na própria sintaxe que incomoda pela violência que sugere. A comunicação e suas incontornáveis fissuras são pauta estrutural dos textos deste livro. É um universo de falhas e de repetidas tentativas (o que pode fazer lembrar o projeto de Samuel Beckett), entretanto, toda a história da poesia é uma história de reflexão formal sobre o mundo e sobre a impossibilidade de conciliação entre as partes: [...]