Escrever no papel recebido da vida. Papel a ser dobrado, rasurado, reescrito... Papel que se transforma com as marcas da vida incrustadas em suas nervuras. O envelhecimento nos acompanha desde que nascemos e se escreve também por linhas incertas, quase invisíveis sobre as quais tantas vezes nos perdemos, mas não para, isso é certo! Escrevemos um mesmo livro com múltiplas versões e um final sempre incerto. A memória é uma escrita que caminha com a vida, habitando as lembranças, as escolhas, a imagem, o corpo, a sexualidade, o amor e outros afetos. Estamos sempre escrevendo, lendo, rememorando e traduzindo o que foi escrito sob a marca de um estilo: arranjos particulares na maneira de compor um texto com as letras recebidas. Sentir-se identificado com seu estilo é saber fisgar e escrever com a marca que é sempre própria. A velhice é a escrita desse singular.