Em comemoração ao dia 18 de maio, Dia Nacional de Luta Antimanicomial, data mais importante para os trabalhadores e usuários do campo de Saúde Mental, a Editora CRV traz a lume, Uma clínica para o CAPS, que é o resultado de uma pesquisa teórico-clínica sobre o dia-a-dia dos pacientes e técnicos dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), especificamente no que diz respeito à clínica neste dispositivo. A partir de um breve histórico sobre a Reforma Psiquiátrica Brasileira, desde a criação de seu primeiro hospital público até a constituição de um novo campo, que é o campo da atenção psicossocial percorreu-se os principais episódios que contribuíram para a constituição deste campo. Foi levantada também a relação da Reforma Psiquiátrica com o saber, com as teorias e com o ecletismo teórico. O livro discorre sobre a teoria e clínica psicanalítica da psicose abordando a teoria freudiana e a interpretação lacaniana através dos três registros - real, simbólico e imaginário. A questão central - Uma clínica para o CAPS - foi trabalhada levantando-se pontos relacionados ao que se chamou de herança do modelo manicomial presente na atenção psicossocial e que dificultam a construção de uma clínica. Os CAPS, em sua maioria, são cidadãos e exibem efeitos aos quais não se pode recusar a dimensão de terapêuticos, mas isso não basta para dizermos que existe uma clínica nos CAPS. A partir do estudo de algumas práticas institucionais realizadas a partir da psicanálise, práticas que podem contribuir para a construção de uma clínica nos CAPS, tais como a psicoterapia institucional de Jean Oury, a prática entre vários surgida na Europa com adeptos também no Brasil e a psicanálise com muitos, clínica gerada e operante em alguns CAPSis do Rio de Janeiro, elegeu-se a psicanálise com muitos como melhor dispositivo para a clínica nos CAPS. Por último, são analisados outros aspectos importantes do cotidiano dos Centros de Atenção Psicossocial propondo quatro pilares para a construção de uma clínica efetiva para este dispositivo: o diagnóstico estrutural, uma ética para o sujeito, a psicanálise coletiva e a dimensão clínica de rede.