A Psicologia, durante anos, no Brasil, colaborou para a construção de uma escola que obedeceu a uma lógica da exclusão. As teorias de desenvolvimento e de aprendizagem, as concepções naturalizantes da infância e a visão estreita da escola como fortaleza e proteção da infância, permitiram que se fortalecessem concepções que, com a melhor das intenções, levaram a escola a exigir que os alunos se adaptassem aos seus critérios e ficasse cega e impermeável à realidade social brasileira. Uma realidade de pobreza, de preconceito e de desigualdade que chega à escola nos chinelos velhos e nos narizes que escorrem, na fome e na dificuldade de atenção, no caderno sujo de gordura e no baixo aproveitamento da “cultura” que se ensina.