Na realidade, o governo assume a tarefa de proteger, mais ou menos, a vida dos cidadãos contra os ataques diretos e brutais. Ele reconhece e legaliza um certo número de direitos e deveres primordiais e de usos e costumes, sem os quais é impossível viver em sociedade; organiza e dirige alguns serviços públicos como os correios, as estradas, a higiene pública, o tratamento de águas, a proteção das florestas etc; abre orfanatos e hospitais e compraz-se em mostrar-se, na aparência, e isto é compreensível, protetor e benfeitor dos pobres e dos fracos. Mas basta observar como e por que ele realiza estas funções, para se ter a prova experimental, prática, de que tudo que o governo faz é sempre inspirado pelo espírito de dominação, e ordenado para defender, aumentar e perpetuar seus próprios privilégios e aqueles da classe da qual é o representante e o defensor.