A poesia do Márcio de Souza Bernardes permite a reflexão, através de arranjos verbais que nos pegam no susto, ou na alegre surpresa. Retiradas do acervo meninoso, reverberado pela nostalgia adulta, uma plêiade de metáforas e alegorias assomam ao picadeiro. Uma rima em proparoxítona: rubéola–auréola; um cachorro que – reverente – bebe a lua; o olhar cúpido desembrulhando a acrobacia angelical; e um cospe-fogo capaz de acender o sol e as centelhas da paixão. É poesia para se degustar com serenidade, lançando-se a cada momento um longo olhar para a vida. [...] O leitor tem nas mãos a mostra qualificada do que Márcio Bernardes é capaz de aprontar com o vocabulário português, e com uma imaginação que transcende a palavra comum, digna dos grandes poetas da nossa língua.