"Outro dia, uma amiga se queixou ao telefone: 'Tenho/ vinte e sete anos e descobri que, até agora, tenho/ me alimentado de migalhas'. Falei qualquer coisa/ banal e consoladora, como 'a vida é assim mesmo,/ paciência' - e desliguei. Só não desliguei a cabeça:/ a frase ficou dias dando voltas dentro dela. Até que,/ não lembro bem como, de algum lugar de dentro de/ mim veio a resposta que não cheguei a dar à minha/ amiga: 'Mas será que isso que você chama de migalhas/ não será, afinal, o próprio pão?'"