O livro documenta que a teoria ortodoxa consegue explicar perfeitamente as diferenças de renda per capita entre as regiões. Em particular, demonstra que não há segmentação regional no mercado de trabalho brasileiro: trabalhadores com as mesmas características recebem a mesma remuneração em qualquer lugar do território nacional. Adicionalmente, Rands documenta que os diferenciais educacionais explicam quase que integralmente as diferenças de renda per capita entre as regiões. Ou seja, a tese furtadeana de que o atraso relativo do Nordeste se deve à ausência de industrialização e, portanto, à especialização setorial da economia nordestina e à inexistência dos efeitos de aglomeração produzida por essa especialização não se sustenta nos dados. O subdesenvolvimento do Nordeste do Brasil, e em qualquer lugar, parece ser algo embutido no homem. A superação do subdesenvolvimento requer atuar no homem. Educação pública de qualidade é a chave para entendermos o subdesenvolvimento do Nordeste em relação ao Sudeste e do Brasil em relação ao mundo. Baseando-se na historiografia mais recente, Rands sugere que os fluxos migratórios de europeus e asiáticos para o Sudeste, que demandaram políticas de investimento em educação dos governantes, explicam em grande medida a diferença regional de renda. Argumento arriscado, mas bem alinhavado. Se Rands estiver certo, em algumas décadas é necessário, sim, haver tempo o Ceará se destacará no Nordeste.Neste livro, o autor retorna ao tema das desigualdades regionais, ja estudado por ele em sua obra de 2011, Desigualdades Regionais no Brasil. Faz isso apos ter escrito um outro livro cujo objeto e o atraso do Brasil em relacao aos paises desenvolvidos, Roots of Brazilian Relative Economic Backwardness, publicado em 2016. Ou seja, ele traz para essa nova interpretacao mais conhecimento e reflexao sobre a historia economica do Brasil e sobre o desenvolvimento economico, alem de uma nova visao de filosofia da historia. O livro traz novas evidencias empiricas para a hipotese de que as diferencas em capital humano entre as regioes sao o determinante imediato das desigualdades regionais no Brasil. Especializacoes produtivas sao irrelevantes para tal sendo elas, na verdade, consequencias das causas enfatizadas aqui. Ele identifica tambem o determinante fundamental das desigualdades regionais nos conflitos entre classes e segmentos sociais e a forma concreta de sua evolucao nas diversas regioes do pais. Tanto no Nordeste como no Sul e no Sudeste, particularidades historicas resultaram em diferencas na evolucao historica que explicam a geracao de disparidades tao acentuadas no nivel medio de capital humano nas regioes. Apesar de trazer uma interpretacao do atraso do Nordeste, o livro nao se estende muito na elaboracao de propostas de politicas regionais, apesar de o texto poder servir de lastro para a elaboracao de politicas de desenvolvimento regional no Brasil. Obviamente, politicas diferenciadas de promocao da educacao nas regioes pobres e menos enfase em politicas setoriais, que dominaram as estrategias de desenvolvimento regional no Brasil nas ultimas decadas, sao conclusoes obvias das analises aqui encontradas. Neste livro, Alexandre Rands retoma sua reflexao sobre as raizes do atraso economico do Nordeste. Em vez de atualizar seu livro anterior Desigualdades Regionais no Brasil, publicado em 2011 decidiu escrever um novo volume. O livro documenta que a teoria ortodoxa consegue explicar perfeitamente as diferencas de renda per capita entre as regioes. Em particular, demonstra que nao ha segmentacao regional no mercado de trabalho brasileiro: trabalhadores com as mesmas caracteristicas recebem a mesma remuneracao em qualquer lugar do territorio nacional. Adicionalmente, Rands documenta que os diferenciais educacionais explicam quase que integralmente as diferencas de renda per capita entre as regioes. Ou seja, a tese furtadiana de que o atraso relativo do Nordeste se deve a ausencia de industrializacao e, portanto, a especializacao setorial da economia nordestina e a inexistencia dos efeitos de aglomeracao produzida por essa especializacao nao se sustenta nos dados. O subdesenvolvimento do Nordeste do Brasil, e em qualquer lugar, parece ser algo embutido no homem. A superacao do subdesenvolvimento requer atuar no homem. Educacao publica de qualidade e a chave para entendermos o subdesenvolvimento do Nordeste em relacao ao Sudeste e do Brasil em relacao ao mundo. Baseando-se na historiografia mais recente, Rands sugere que os fluxos migratorios de europeus e asiaticos para o Sudeste, que demandaram politicas de investimento em educacao dos governantes, explicam em grande medida a diferenca regional de renda. Argumento arriscado, mas bem alinhavado. Se Rands estiver certo, em algumas decadas e necessario, sim, haver tempo o Ceara se destacara no Nordeste. Concordo com ele. Nosso subdesenvolvimento nao segue de nossa especializacao produtiva, nem se deve ao imperialismo ou outras conspiracoes analogas. Foi meticulosamente construido por seculos de descuido no desenvolvimento humano. Pode, portanto, ser superado com as politicas corretas. Para mim, essa e a mensagem mais profunda e otimista que Rands traz nesta obra. SAMUEL PESSOANeste livro, o autor retorna ao tema das desigualdades regionais, já estudado por ele em sua obra de 2011, Desigualdades Regionais no Brasil. Faz isso após ter escrito um outro livro cujo objeto é o atraso do Brasil em relação aos países desenvolvidos, Roots of Brazilian Relative Economic Backwardness, publicado em 2016.Ou seja, ele traz para essa nova interpretação mais conhecimento e reflexão sobre a história econômica do Brasil e sobre o desenvolvimento econômico, além de uma nova visão de filosofia da história.O livro traz novas evidências empíricas para a hipótese de que as diferenças em capital humano entre as regiões são o determinante imediato das desigualdades regionais no Brasil. Especializações produtivas são irrelevantes para tal — sendo elas, na verdade, consequências das causas enfatizadas aqui. Ele identifica também o determinante fundamental das desigualdades regionais nos conflitos entre classes e segmentos sociais e a forma concreta de sua evolução nas diversas regiões do país.Tanto no Nordeste como no Sul e no Sudeste, particularidades históricas resultaram em diferenças na evolução histórica que explicam a geração de disparidades tão acentuadas no nível médio de capital humano nas regiões.Apesar de trazer uma interpretação do atraso do Nordeste, o livro não se estende muito na elaboração de propostas de políticas regionais, apesar de o texto poder servir de lastro para a elaboração de políticas de desenvolvimento regional no Brasil. Obviamente, políticas diferenciadas de promoção da educação nas regiões pobres e menos ênfase em políticas setoriais, que dominaram as estratégias de desenvolvimento regional no Brasil nas últimas décadas, são conclusões óbvias das análises aqui encontradas.Neste livro, Alexandre Rands retoma sua reflexão sobre as raízes do atraso econômico do Nordeste. Em vez de atualizar seu livro anterior — Desigualdades Regionais no Brasil, publicado em 2011 — decidiu escrever um novo volume.O livro documenta que a teoria ortodoxa consegue explicar perfeitamente as diferenças de renda per capita entre as regiões.Em particular, demonstra que não há segmentação regional no mercado de trabalho brasileiro: trabalhadores com as mesmas características recebem a mesma remuneração em qualquer lugar do território nacional. Adicionalmente, Rands documenta que os diferenciais educacionais explicam quase que integralmente as diferenças de renda per capita entre as regiões.Ou seja, a tese furtadeana de que o atraso relativo do Nordeste se deve à ausência de industrialização e, portanto, à especialização setorial da economia nordestina e à inexistência dos efeitos de aglomeração produzida por essa especialização não se sustenta nos dados.O subdesenvolvimento do Nordeste do Brasil, e em qualquer lugar, parece ser algo embutido no homem. A superação do subdesenvolvimento requer atuar no homem.Educação pública de qualidade é a chave para entendermos o subdesenvolvimento do Nordeste em relação ao Sudeste e do Brasil em relação ao mundo.Baseando-se na historiografia mais recente, Rands sugere que os fluxos migratórios de europeus e asiáticos para o Sudeste, que demandaram políticas de investimento em educação dos governantes, explicam em grande medida a diferença regional de renda. Argumento arriscado, mas bem alinhavado.Se Rands estiver certo, em algumas décadas — é necessário, sim, haver tempo — o Ceará se destacará no Nordeste.Concordo com ele. Nosso subdesenvolvimento não segue de nossa especialização produtiva, nem se deve ao imperialismo ou outras conspirações análogas.Foi meticulosamente construído por séculos de descuido no desenvolvimento humano. Pode, portanto, ser superado com as políticas corretas. Para mim, essa é a mensagem mais profunda e otimista que Rands traz nesta obra.—SAMUEL PESSOA