Este livro é tão pioneiro quanto desafiador. O seu pioneirismo reside na meritória recepção da teoria analítica da lei natural na aurora do seu debate no Brasil, já que sua primeira edição é de 2007, ano da publicação nacional do clássico livro de John Finnis Lei natural e direitos naturais. O desafio que esta obra encerra é propriamente hermenêutico, já que toda recepção de uma filosofia pressupõe uma interpretação condicionada pelo horizonte de pré-compreensão do intérprete. Neste caso, o prof. Engelmann promove, com rigor e paciência conceitual, a fusão dos horizontes da filosofia clássica de Aristóteles com a filosofia moderna de Kant, articulando a virtude da prudência daquele com o conceito de razão prática deste, tensionando a relação de uma ética teleológica dos fins (bens), voltada à felicidade, com uma ética deontológica dos deveres, pautada na liberdade e autonomia. [...]