A Invasão do Mar, editado em 1905, é a última obra que o escritor Júlio Verne reviu antes de morrer. Na realidade o manuscrito denominava-se O Mar Sariano, e o título pelo qual Verne premonitoriamente optou evoca a catástrofe, a devastação, a morte, colocando assim a narrativa sob o signo de uma fatalidade anunciada. Este pode ser considerado um texto-testamento, um texto-confissão, onde, através do subterfúgio da ironia, Verne põe em causa a presunção do capitalismo e do colonialismo em mudar o mundo, impondo as suas leis aos povos cujo direito à terra usurpam, em nome do bem futuro deles, e no qual é notório que Verne viveu dividido entre a sua admiração pelos heróis modernos da ciência e da tecnologia ocidentais, e a sua vocação sempre juvenil e irreprimível de tomar parte no heroísmo libertário.