Este livro analisa a atuação das crianças-atores a partir do trabalho realizado por elas nos seguintes processos criativos: Les Éphémères (2007), de Ariane Mnouchkine,Inferno e Tragedia Endogonia (2010), de Romeo Castellucci, e os curtas-metragem Requília (2012), de Renata Diniz, e O Pé de Bico (2013), de minha autoria. Este começa com o histórico do surgimento da infância e aponta a importância de se mostrar quais foram os significados sociais que as crianças adquiriram ao longo dos séculos e, mesmo antes de se falar sobre os processos criativos com elas, fez-se necessário mostrar que as múltiplas concepções de infância, que temos hoje, são longos caminhos percorridos por muitos estudiosos da História, da Filosofia, Antropologia, Sociologia, Educação etc. Este livro propõe uma noção de criança-ator para a compreensão sobre os princípios que podem ser observados e que justificam por que uma criança foi selecionada para determinado trabalho artístico e a outra não, com o objetivo de se definir características que possam ser analisadas durante um casting que auxiliariam diretores e preparadores de elenco, tanto no teatro quanto no cinema. Esta investigação mostra, ainda, que o estudo da atuação da criança não serve somente aos estudiosos da infância, mas ao ator adulto também, visto que muitos diretores afirmam a importância do resgate da credulidade infantil no processo de composição das cenas. Entender a forma como uma criança brinca (to play) em cena, via espaço potencial do psicanalista Winnicott, pode auxiliar o ator adulto a entender como a criança constrói a sua cena e utilizar isso em seu favor.