O direito ainda hoje gravita em torno do binômio liberdade/responsabilidade, embora seja mais do que recomendável granular a nossa compreensão da gradação da liberdade dos sujeitos. O direito fala do humano, e ao humano. E o humano não é de um lugar algum, desincorporado, não constrangido pela sua constituição biológica. A vocação de nosso tempo para a abertura à interdisciplinaridade precisa ser aproveitada. Um ramo do conhecimento tão arraigado às tradições como ainda é o caso do direito pode consolidar grandes conquistas no diálogo com outras fontes. O espírito dos institutos jurídicos deve ser o da promoção do melhor para a comunidade, e esse caminho intrinsecamente aberto não coaduna com o isolamento. A conformação do modelo de comportamento fixada numa construção normativa que rege toda uma sociedade precisa ser acompanhada por um compromisso epistêmico com as fontes de onde são importados conceitos tão centrais como o de capacidade. O contrário significa a escolha simples pela ficção, sem a reflexão e o debate tão caros a uma democracia. As áreas do conhecimento não devem ser disjuntivas, mas comunicativas. Enriquecer-se mutuamente é o desafio imperativo para a promoção da reflexão crítica, da conexão do direito com o mundo. Se esta falhar, o direito precisa ser religado ao seu contexto.