Afastar-se para perto: ficção-vida é uma espécie de meteoro inquieto que ronda incansável por esta galáxia da linguagem em uma aventura arriscada de experimentação dos limites: furar fronteiras e abrir litorais. Marcelo Ariel, nosso cometa negro, imagem que ele evoca no livro, nos oferece com seus escritos uma errância com método. Este livro nos mostra a radicalidade do que é ser um leitor. Ler como um convite a sideração, ler para acionar o estranho que constitui a todos, ler como um empuxo ao sonho já que o texto pulsa sempre em acordes dissonantes. São muitos os mapas de viagem dos inúmeros textos e autores que vêm conversar com ele e, em muitos momentos, lembrei de um poema de Rainer Maria Rilke, O leitor. Mais precisamente do fragmento:... crianças que brincam sozinhas e súbito descobrem algo a esmo; mas o rosto, refeito em suas linhas, nunca mais será o mesmo. Marcelo expande um pensamento sobre o que é o corpo da escrita.