Uma das marcas fortes da poesia de Leila Echaime, ao longo de uma trajetória tão rica e variada, e tão espaçada no tempo, é o sentimento de sofreguidão e ansiedade de uma voz que aparenta ser animada por incontrolável ímpeto fogoso e se traduz em jorro de palavras, erupção verbal. Mas isto não é senão aparência. Seu fazer poético é sempre 'contido, cuidadosamente elaborado, exibindo uma invejável perícia formal, a mostrar que sua obra se pauta, sobretudo, pela disciplina e pela técnica do verso', como assinala Fernando Py. A angústia e o desconsolo, a pesada sensação de perda e incompletude, o sentimento constante da morte, sempre à espreita, têm que ver, inegavelmente, com experiência de vida, mas também com as limitações do ato poético, a obsessão que leva o indivíduo a converter tudo em palavras – engenhosidade verbal que almeja ser a fixação da vida vivida. Para que se converta em poesia, a vida deixa de ser o que é, transformando-se em palavras espalhadas no quadrilátero da página, com arte calculada, e não mais com o ímpeto fogoso de que os sentidos aparentes são a metáfora. Temos aí um eloquente exemplo da experiência universal da interrelação Vida-Amor-Morte, na visão intuitiva e nos versos comovidos de Leila Echaime, experiência que paradoxalmente lhe garante, como a seus incontáveis admiradores, uma boa razão de viver.