Este livro aborda o ponto nodal da psicanálise: a cura pela transferência. Definida por Freud a um só tempo como propulsão e obstáculo ao tratamento, a transferência atualiza a violência de um encontro em que tanto o analisando quanto o analista se afetam em um delicado jogo de forças. As considerações da autora combinam psicanálise, etologia e estética, e propõem um alargamento da concepção e da prática da atenção flutuante, condição indispensável à associação livre do analisando. Na rede tecida por elas, as "impressões sensíveis" de Ferenczi, os "afetos de vitalidade" de Daniel Stern e as "pequenas percepções" de José Gil se articulam para repensar a transferência nos processos de cura.