Mescla de livro de memórias com diário íntimo, Subsidiário é uma boa salada mista com reflexões aforísticas sobre temas gerais, balanços de amizades, o dia-a-dia parisiense em contraponto com fatos pessoais do passado mais remoto, revelações sobre a pré-história dos seus romances, sua repercussão crítica, traduções no exterior, além de uma série pouco complaacente de autorretratos. Tem estrutura circular, como certos romances. Começa onde acaba, com a mesma palavra partida ao meio: a primeira metade na última página e as duas últimas sílabas no início do livro. Não se trata de mero artifício tipográfico, mas reiteração, no plano da sua estrutura geral, da concepção de tempo que preside a obra, na qual fatos distantes no calendário se emparelham no simultaneísmo atemporal da lembrança. Não custa repetir: Subsidiário contribui, como nenhum outro documento, para a composição da imagem espiritual de Herberto Sales. Vamos, portanto, ao autor, nós que tanto admiramos os seus romances.