Em Teatro de Anchieta a Alencar, Décio de Almeida Prado agrupa uma série de ensaios sobre diferentes momentos e figuras da história da arte teatral no Brasil. Na sua composição, este livro reflete como poucos o caráter da produção do notável crítico e professor. Pois, ao longo de sua profícua atuação, sempre atendeu a dois reclamos: o de observador jornalístico de nosso movimento dramático e o de pesquisador universitário de seu processamento histórico-estético; e ambos se encontram aqui representados por trabalhos expressivos. Com a subdivisão Para uma História do Teatro no Brasil, cinco textos apontam, de forma intervalar, para a seqüência plena da projetada obra o desenvolvimento de nosso teatro desde suas origens coloniais. O segundo segmento compreende alguns ensaios que, no curso dos anos, se tornaram de consulta obrigatória para quem estuda as elaborações dramáticas em nosso contexto, como é o caso de Leonor de Mendonça ou Os Demônios Familiares de Alencar. Tal conjunto faz desta obra uma contribuição crítica de grande significação, na medida em que leva ao leitor a análise e a reflexão de um espírito dos mais perspicazes e afeitos às coisas da realidade cênica e de um estudioso que não se deixa encantar pelas primeiras impressões, indo sempre ao possível âmago dos fenômenos e de suas possíveis significações. Mais do que isso, porém, Teatro de Anchieta a Alencar transmite a profunda empatia de um homem de teatro com a vida do teatro.