A partir de 1890, com a separação decretada entre Estado e Igreja, o processo de criação de dioceses no Brasil foi acelerado, passando de doze para oitenta unidades diocesanas em apenas quarenta anos. Houve, claramente, uma estratégia de restauração e expansão da Igreja católica, marcada por uma nova organização espacial e funcional de modo a se estabelecer em lugares centrais da vida política e econômica dos Estados brasileiros e a favorecer sua aproximação e articulação com as elites locais. E essa nova organização, somada a uma nova concepção da moral católica, facilitou o advento de uma sociedade burguesa. Desse modo, os projetos de demarcação dos "territórios do catolicismo" não deixaram de revelar estratégias, desejos, intrigas, exclusões e silenciamentos dos sujeitos envolvidos no processo histórico de estruturação da República brasileira.