Algo diferente se passa em um certo cinema contemporâneo. Uma espécie de “onda transnacional”, única desde meados dos anos 60, tornou-se visível na virada dos anos 2000: cineastas absolutamente diferentes entre si, como Apichatpong Weerasethakul, Claire Denis, Hou Hsiao-Hsien, Tsai Ming-Liang e Pedro Costa, entre muitos outros, apresentam uma sensibilidade em relação aos valores do mundo e do cinema de vários pontos de contato. Este é um cinema que opera no esfacelamento das fronteiras e dualismos que marcam a história da sétima arte e o pensamento sobre ela, que nos convida a suspender as descrições e denominações que atribuímos às coisas, e nos desafia a retornar a cada filme, a cada sequência, a cada plano, em um eterno recomeçar.