O que significa a criança brasileira para uma família adotiva na França? Como a imprensa brasileira, ávida por histórias sobre ´comércio´ de bebês e ´tráfico´ de órgãos trata esse tipo de adoção? Que noções de legitimidade motivaram os legisladores a modificar as leis regulando o fluxo de crianças? Qual é o ponto de vista das mães biológicas que procuram, assim, ´salvar´ os seus filhos? Como menciona Cláudia Fonseca, na apresentação deste livro, o autor Domingos Abreu produz um texto fascinante, repleto de dados etnográficos que mostram a adoção como disputa entre parceiros desiguais num mercado de bens simbólicos. Quer seja vista como sacrifício da mãe biológica, quer como ajuda humanitária dos pais adotivos ou transação comercial em benefício de ´cegonhas´ gananciosas, a adoção, na análise perspicaz de Abreu, revela dimensões surpreendentes da família e da nacionalidade no conturbado mundo contemporâneo.