"Quanto de perversão sexual será responsável pelo assédio imoral à República?", pergunta Arnaldo Jabor na abertura do capítulo Amor e Sexo de seu novo livro Amigos ouvintes, que a Editora Globo lança em novembro. E vai além: "Quanto desejo de poder e manipulação se esconde sob o amor?". São questões como essas que Jabor, um "louco que ainda acredita neste país", como se autointitula, levanta nas mais de 320 páginas, divididas em sete capítulos. Além de Amor e Sexo, Política Nacional, Política Internacional, Cinema, Dia a Dia, Personagem e Violência. Temas que debate em seu programa de rádio e que geraram esse volume, o primeiro título da Coleção CBN Livros. Ainda este ano será lançado No divã do Gikovate, com Flávio Gikovate. Em 2010, será a vez de Max Gerhinger e Heródoto Barbeiro, entre outros. Jabor tem o olhar apurado e inflamado sobre tudo o que acontece no Brasil, e garante que é preciso dar andamento a uma revolução institucional, já que o país sofre de um câncer generalizado. E que Lula, um "pé-quente" que empregou mais de 50 mil pelegos, ainda recebe apoio de quem não sabe por que o apoia - aqueles a quem Jabor define como "ignorantes políticos". Com os radares apontados para os Estados Unidos, o comentarista faz uma comparação entre Obama e Osama - que, ao lado de Bush, é o que mais leva críticas ácidas. Diz que Obama pretende fazer tudo pelo bem da nação, enquanto Osama é a encarnação do mal. E Bush, alvo de centenas de bordoadas, foi o que de pior poderia ter acontecido à história americana, um governante que deixou um rastro de erros e horrores, difíceis de serem esquecidos. Sempre com seu estilo ferino de ser, Jabor não dá trégua a Obama, embora o presidente não tenha completado um ano à frente do governo: "Ele não pode ser muito inteligente porque o idiota médio americano não gosta. Mas, se bobear, vira um crioulo pernóstico". Sobre violência, todos os tipos que imperam no país, Jabor admite que há um novo tipo de crueldade em vigor: mata-se por nada. E que o Brasil, tão festejado por seu Carnaval, colorido e vibrante, está virando um carnaval de psicopatas. A reflexão que faz sobre uma série de assassinatos, como o da menina Isabella Nardoni, estende-se à emoção que o brasileiro sente diante desse tipo de morte. Diz Jabor: "Cresce em nós uma pele de rinoceronte na alma". Em Dia a Dia, o comentarista põe ainda mais fogo em assuntos considerados polêmicos, como o das células-tronco embrionárias. "Quem é contra tem a ignorância como fé", afirma ele. E lança uma pergunta ao leitor para tentar definir a importância de algumas personalidades, entre elas, Oscar Niemeyer, Antônio Carlos Jobim, Glauber Rocha e a mulher-objeto Marilyn Monroe: "O que seria de nós sem eles?". Os comentários de Jabor no capítulo Cinema têm a ver com certa nostalgia que sente acerca de filmes de um passado recente, salpicados com boa dose de poesia. Jabor acha que, não por acaso, filmes como Ônibus 174 e Tropa de Elite fazem tremendo sucesso, porque o que mudou foram os olhos do espectador. "Os filmes que esses olhos desejam são brutos, rápidos demais, violentos", escreve. E como tudo no Brasil sempre acaba em sexo, o assunto volta à baila porque Jabor tem saudade dos tempos em que não se falava de orgasmo. "Era quase um pecado. Hoje, tem algo de descarrego, virou uma espécie de recorde esportivo, um gol."