Por que a invenção da surdez e não a construção, ou a produção, ou a fabricação da surdez? (...) inventamos a surdez, como inventamos a loucura, como inventamos a infância, nesse esforço desesperado pela identidade normal e justa: assim, ao inventar a surdez, ficamos do lado da normalidade do ser-ouvinte e, também, do lado da racionalidade, do lado do ser-adulto. (...) um princípio que se estabelece na filosofia da diferença, em particular a partir dos trabalhos de Lévinas e Derrida, é que o outro não pode ser tematizado, não pode ser transformado numa temática, pois deixa de ser outro para se transformar, isto é para se inventar, como uma obsessão temática da mesmidade.