Numa trama imprevisível, em que os personagens são atraídos e apartados pela dor, pelo desejo e pela loucura, um dos principais nomes da nova literatura portuguesa constrói uma alegoria perturbadora sobre as relações de dominação entre os homens.O médico Theodor Busbeck anda empenhado em descobrir se o horror está aumentando ou diminuindo ao longo da História. Mylia, sua ex-mulher, tem a capacidade de ver a alma e sofre de uma dor lancinante no ventre. Acabou internada num hospício pelo próprio marido. Gomperz, diretor do hospício, mantém uma amizade ambígua com Theodor e desperta cada vez mais ódio em seus pacientes. Tratando de relações de dominação, desejo, repulsa e agressividade, "Jerusalém" costura a vida de vários personagens em direção a um desenlace inesperado. Ocupados em lidar com os limites da sanidade, todos se sentem acossados por um perigo sem nome. Num estilo seco e desconcertante, "Jerusalém" aponta para as dimensões pessoais e coletivas do terror e expõe a capacidade humana de vigiar, oprimir e torturar.