O bom de ter em mãos um livro de uma poeta que não teve pressa, que se debruçou com devoção ao seu fazer poético antes de lançá-lo ao mundo, é se deparar com um trabalho que vem com a força daquilo que urge, é ter em mãos um livro maduro e impactante.Tutano é um livro de estreia de uma poeta veterana, resultado de anos de um mergulho profundo em um universo poético que vai de Rimbaud a William Carlos Williams, de Sylvia Plath a Ana Cristina Cesar, e de onde, como uma exumadora, Ana Marta Cattani recolhe material para a construção de um universo próprio, muitas vezes devorando e recriando o objeto de adoração: eu te faria mil oferendas/ e depois comeria a tua caveira/ como se fosse de chocolate.É também um livro de estreia de uma mulher versada na vida e nos costumes do que lhe foi ensinado e imposto, e que diante da passagem do tempo se desdobra e proclama: agora posso gritar/ do alto dos meus chinelos:/ soy mayor.