(...) mais do que um tema atual e instigante, o que o Leitor acessará é a compreensão de uma realidade histórica que, redimensionando-se e transmutando-se às características de cada período socioeconômico brasileiro, registra uma cruel permanência na maneira pátria de produzir riqueza: a segregação e exploração humana por meio do “dignicídio” (eliminação da dignidade) do (de um) outro que, mais do que alienado num processo de trabalho, é convertido em coisa a ser consumida e exaurida em escandalosa mais-valia. (...) trata-se de uma obra generosa... E não só porque nos acrescenta algo, mas também porque nos remete a novas perspectivas de pesquisa e intervenção política e social. Trata-se, contudo, de uma generosidade exigente, uma vez que desvela um escândalo – a natureza moderna, modernizante e capitalista da escravidão contemporânea: prática dignicida e genocida – perante a qual somos convocados à ação, sob pena de cumplicidade.