Este livro parte da hipótese de que o domínio discursivo, entendido como articulador das relações simbólicas e, por isso, o lugar em que se fazem e desfazem os laços sociais, é o campo privilegiado para estudar comunicação. O desenvolvimento do trabalho apresenta os modos pelos quais a própria conceituação de discurso foi se firmando nos vários campos do saber em que vem a ser um conceito fundamental, como na filosofia e na teoria lingüística, destacando-o da sua apreensão pelo senso comum. Na teoria lingüística, o sujeito gramatical; no domínio da filosofia, como sujeito ontológico; no campo da psicanálise, como sujeito do inconsciente. Assim, cada um dos conceitos de discurso já responde a um certo conceito do que seja o humano e a uma certa concepção das relações entre linguagem e realidade. O desenvolvimento do trabalho conduz, necessariamente, aos estudos de Freud e de Lacan que, introduzindo na cena científica a questão do inconsciente, relacionam o humano e a linguagem conforme uma alteração radical, exigindo a reordenação do instituído anteriormente. Abre-se, assim, uma brecha para o reposicionamento da comunicação e, conseqüentemente, do estudo das mídias.