No verão de 1963, o reverendo Martin Luther King dizia aos manifestantes da marcha pelos direitos civis em Washington que tinha um sonho. As mais de 250 mil pessoas presentes ao ato queriam apenas comida, diversão, arte, liberdade, igualdade, remodelação total da sociedade e da cultura americana. Todos pareciam respirar otimismo naqueles anos em que o ritmo de crescimento e fartura parecia longe de perder o fôlego, em que a Casa Branca era ocupada pelo jovem e emblemático casal Kennedy e havia no ar a sensação de que tudo era possível. E era. Pelo menos em Greenwich Village, o bairro nova-iorquino transmutado em centro nervoso da cultura contemporânea, efervescente em manifestações de arte de vanguarda. Nos limites do Manhhattan, uma revolução ruidosa estava em pleno curso. Era a explosão da pop art, dos espetáculos Off-Off-Broadway, do Judson Dance Theater e do Living Theater, todo mundo questionando conceitos e arte. Greenwich Village 1963, de Saly Banes, é um passeio analítico que nos faz conhecer e entender mais profundamente a época que estamos vivendo. Este é um relato detalhado e vibrante dos acontecimentos da década de 60 que, pensando bem, ainda não acabou.