As opiniões sobre a escassa obra poética de Alvarenga Peixoto são divergentes. Menos contraditórias são as informações sobre a sua vida. Natural do Rio de Janeiro, Inácio José de Alvarenga Peixoto formou-se em leis pela Universidade de Coimbra. Em Portugal, ocupou importantes cargos na magistratura. Ao voltar à cidade natal foi festivamente recebido pelo vice-rei, marquês de Lavradio, mas preferiu partir para Minas Gerais, fixando-se em São João del-Rei. Ali trocou a advocacia pelos trabalhos de mineração, casou-se com Bárbara Heliodora, também poeta (autora do belo poema Conselhos a meus Filhos) e fez imensa fortuna. Era o mais rico dos inconfidentes, mas, segundo alguns historiadores, um homem de caráter leviano, que teria se engajado na Inconfidência Mineira apenas como uma forma de se livrar de suas imensas dívidas. Preso, durante os interrogatórios denunciou os companheiros. Há um certo exagero nessas acusações, pois muitos inconfidentes tinham dívidas com o fisco. Peixoto não foi exceção. Da mesma forma, diante do aparato repressor, com exceção do Tiradentes, todos fraquejaram e denunciaram os amigos. Como poeta, Peixoto foi acusado, com a mesma intolerância, de ser um versejador correto e frio e uma espécie de profissional da lisonja. De fato, quase toda a sua obra conhecida até certa época é dirigida aos poderosos do dia. Da mediocridade geral, os historiadores salvavam apenas o Canto Genetlíaco, em razão de suas ideias nativistas. Em 1956, Domingos Carvalho da Silva reavaliou a obra de Peixoto, encontrando nela "o lirismo e a espontaneidade dos verdadeiros poetas". Três anos depois, a descoberta de cinco sonetos mostrou um poeta à altura do que de melhor haviam produzido os contemporâneos, segundo opinião da crítica. De certa forma, foi o renascimento do poeta. O debate continua aberto.